quinta-feira, novembro 15, 2007

Musicoterapia

Benjamin James - Far Away




Musicoterapia, ouvir música dá saúde, traz bem estar.
Isso é indiscutivel...fomos criados para vibrar, extasiarmos os sentidos ou sofrer amarguras imensas ao ritmo de cada melodia. A influência da música no comportamento do Homem é conhecida desde a antiguidade, reconhecida nos nossos dias e por isso motivo de reflexão.


Aristóteles e Platão consideravam que a música provocava reacções nas pessoas e que determinada escala devia ser dada a ouvir a guerreiros, para que estes ficassem mais bravos...Outros filósofos e pensadores atribuíram à música valores acrescentados, para além dos comuns de entretenimento ou de cariz religioso.


O meu sobrinho dava pontapés na barriga da mãe sempre que ouvia ritmos alegres. A receptividade ao som ou às vibrações é-nos inata, basta pensar na questão das vivências acústicas do período intra-uterino. A saber: por volta dos seis meses o feto é capaz de reagir a estímulos sonoros.


Através da musicoterapia promovemos o crescimento emocional, afectivo, relacional e social da pessoa, através da utilização de sons e de movimentos corporais como meio de comunicação e expressão.


Em jeito de conclusão, parece que vou continuar a cantar no chuveiro, no carro e em todo o lado, visto que é terapéutico, traz felicidade e ainda por cima é de graça.


Viva a musicoterapia! deixem os spas saberem deste nicho no mercado!

sábado, setembro 15, 2007

quinta-feira, agosto 23, 2007


Uma Paixão


Visita-me enquanto não envelheço

toma estas palavras cheias de medo e surpreende-me

com teu rosto de Modigliani suicidado

tenho uma varanda ampla cheia de malvas

e o marulhar das noites povoadas de peixes voadores

vem

ver-me antes que a bruma contamine os alicerces

as pedras nacaradas deste vulcão a lava do desejo

subindo à boca sulfurosa dos espelhos

vem
antes que desperte em mim o grito

de alguma terna Jeanne Hébuterne a paixão

derrama-se quando tua ausência se prende às veias

prontas a esvaziarem-se do rubro ouro

perco-te no sono das marítimas paisagens

estas feridas de barro e quartzo

os olhos escancarados para a infindável água

vem

com teu sabor de açúcar queimado em redor da noite

sonhar perto do coração que não sabe como tocar-te

Al Berto

"Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma.


E aprendes que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começas a aprender que beijos não são contratos, presentes não são promessas. E não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai ferir-te de vez em quando e precisas de perdoa-la por isso.


Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais. Descobres que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destrui-la, e que podes fazer coisas num instante, das quais te vais arrepender pelo resto da vida. Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que tu tens na vida, mas quem tens na vida.


Descobres que as pessoas com quem mais te importas na vida, são tiradas de ti muito depressa. Aprendes que paciência requer muita prática. Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar com raiva, mas isso não dá o direito de seres cruel. Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém. Algumas vezes, tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo.


Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, tu serás em, algum momento, condenado. Aprendes que não importa em quantos pedaços teu coração foi partido, o mundo não pára para que o consertes.


E, finalmente, aprendes que o tempo, não é algo que possa voltar para trás. E percebes que realmente podes suportar... que realmente és forte, e que podes ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor, e que tu tens valor diante da vida!"
[Shakespeare]

segunda-feira, agosto 13, 2007

cansaço...



o cansaço percorria todo o corpo...ela falava-me dos jardins da sua infância. eu já não era a mesma e era já longa a viajem... tudo era ruído, fumo, agitação. quando não conseguia dormir aquela pequena figura desenhava para mim o jardim da sua infância, palavra a palavra, canteiro a canteiro. gostava de falar com ela, do seu cheiro, da tranquilidade do seu abraço que me afagava a alma e lavava o cansaço. quem me tirou aquele bonito jardim da minha infância...

sexta-feira, agosto 03, 2007

cansaço...

quando os olhos semi cerrados parecem portas velhas que chiam...
quando é preciso paciência...a vida vai torta..é preciso paciência

quinta-feira, maio 24, 2007

sopro


... E, no entanto, achando que, como os gatos, havia de renascer desta velhice.
Voltar, numa sétima vida (e última, depois da travessia que agora lhe mostrava a sua incontornável extensão), voltar a incarnar a potentíssima pantera, a ave de longínquos voos e o passarito tonto, que acabaria por finalmente poder morrer desprotegido, como uma simples rajada de vento que sobre ele viesse enfurecer-se. Ou com um sopro de Deus, que o enterra-se junto à raiz de uma árvore milenar.”
Isabel Calado

rabiscador...



“Sou um eterno rabiscador de livros, escrevinhador de margens, um sublinhador obsessivo; e aprecio isso nos outros. Alguns dos livros de que mais gosto são os que foram manuseados por alguém de lápis na mão, de preferência um leitor que tenha usado o lápis há 50 ou 60 anos. Os comentários às margens têm o encanto das cartas particulares de um desconhecido, ou de um bilhete numa garrafa jogada ao mar.”

Robert Fulford, no Star de Toronto

Razão de viver


O próprio homem é um equilíbrio precário entre o amor e o ódio, a generosidade e o egoísmo, a paz e a agressão. Ele não consegue chegar à perfeição, mas pode ser melhorado; e nada existe na sua história ou na sua natureza que nos obrigue a deixar de acreditar nele. Na verdade o homem pode estar eternamente “encurralado entre a terra e um vislumbre do céu”, mas é a esse vislumbre que ele se vai apegar, como sói acontecer.

Eric Sevareid em Not So Wild a Dream

terça-feira, abril 24, 2007

a linha curvilinea




O número de crianças e adultos obesos é cada vez maior, tanto em países pobres como nos ricos e até mesmo em países que se caracterizam por uma população magra, como é o caso do Japão. Sempre que pensamos em japoneses imaginamos pessoas magras! A Organização Mundial de Saúde passou a considerar a obesidade como um problema de saúde pública tão preocupante como a desnutrição, vivemos numa sociedade de extremos enquanto uns morrem de fome outros sofrem de obesidade.
Apesar das diferenças económicas, os países, desenvolvidos ou não, vivem o mesmo problema da alta e crescente prevalência de excesso de peso.


Tratar a obesidade consiste em alcançar um peso saudável e não um peso ideal. Mas o que seria o peso saudável? O das modelos e bailarinas extremamente magras ou dos artistas de televisão?
Não! O peso saudável é aquele adequado para desempenhar as actividades (internas e externas) do organismo, nem para mais, nem para menos, nem tanto ao mar nem tanto à terra, como dita a sabedoria popular. Trata-se de um peso onde as complicações associadas à obesidade são nulas ou mínimas.
Um corpo magro não é sinónimo de saudável. Por isso, não é coerente querer ter o corpo igual ao de outra pessoa. O peso saudável varia de pessoa para pessoa. A roda dos alimentos que estudamos nos bancos da escola caiu no esquecimento... Seguir as recomendações da Roda dos Alimentos e praticar actividade física moderada e regular é na realidade o mais simples e eficaz remédio...

sábado, março 17, 2007



Tu que não sabes da tarde, das coisas mais simples, tu que esqueces-te os olhos na poeira do mundo...


Tu que desaprendes-te a caminhar e agora vives em espiral, com uns sopros estranhos, como folhas que se elevam e giram no ar para depois se espalharem na rua.


Tens uma doçura insuspeita presa nos gestos e no olhar... diariamente costuras o medo do avesso.


E a tua vida é um refazer-se, é buscar o desfeito, costurar-se em alinhavo, emendar os rasgos, encostar as pontas, cozer e juntar...


Às vezes andas para trás e refazes os dias sem a tua trilha, sem as estrelas que puseste nos olhos, num outro tempo que não o tempo que fizeste, tão maior, e aí cabem todos os momentos esquecidos e as memórias do que fostes.

sexta-feira, março 09, 2007

a vida gravada na pele...




"...O mundo inteirinho
Se enche de graça
E fica mais lindo
Por causa do amor
Por causa do amor
Por causa do amor
Por causa do amor...»

sexta-feira, março 02, 2007



"Aqui eu te amo.

Nos escuros pinheiros se desenlaça o vento.

Fosforece a lua sobre as águas errantes.

Andam dias iguais a perseguir-se.

Descinge-se a névoa em dançantes figuras.

Uma gaivota de prata se desprende do ocaso.

As vezes uma vela.

Altas, altas, estrelas.

Ou a cruz negra de um barco.

Só.

As vezes amanheço, e minha alma está húmida.

Soa, ressoa o mar distante.

Isto é um porto.

Aqui eu te amo.

Aqui eu te amo e em vão te oculta o horizonte.

Estou a amar-te ainda entre estas frias coisas.

As vezes vão meus beijos nesses barcos solenes,

que correm pelo mar rumo a onde não chegam.

Já me creio esquecido como estas velhas âncoras.

São mais tristes os portos ao atracar da tarde.

Cansa-se minha vida inutilmente faminta...

Eu amo o que não tenho.

E tu estás tão distante.

Meu tédio mede forças com os lentos crepúsculos.

Mas a noite enche e começa a cantar-me.

A lua faz girar sua aureola de sonho.

Olham-me com teus olhos as estrelas maiores.

E como eu te amo, os pinheiros no vento,

querem cantar o teu nome, com suas folhas de cobre. "


Pablo Neruda

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

lindo...


José Mauro de Vasconcelos conta-nos a história de um menino chamado Zézé, com seis anos, pobre, extremamente inteligente, sensível e carente. Não encontrando na família e nas pessoas a ternura e o afecto de que necessita, Zézé entrega o seu amor às pequenas coisas, mas em especial a Xuxuruca ou Minguinho, o seu pé de Laranja Lima, que se torna o seu grande confessor, amigo e companheiro de brincadeiras. Com Minguinho, Zézé protege-se do mundo real com uma barreira feita de brincadeiras, canções e da doce ilusão da inocência.

Numa tentativa de despertar as pessoas que o rodeiam para a sua presença, faz asneiras e prega partidas a tudo e todos, o que tem como consequência as enormes e tradicionais "zurras" de que infelizmente é alvo. Zézé vive uma vida triste e pobre, onde consegue encontrar a sua luz e felicidade através do seu enorme coração e capacidade para amar e perdoar. Mas este Mundo está prestes a mudar. Zézé acaba por descobrir a ternura e carinho de que tanto necessita com o seu amigo "Portuga", que torna a sua existência agradável e feliz. No entanto... a história de Zezé é recheada de ironia... Quando finalmente o seu pai volta a ter um emprego capaz de lhe proporcionar uma vida confortável e estável, perde também os seus dois grandes centros e geradores de ternura e felicidade. Zézé descobre o que é a dor da perda e da saudade, perdendo assim também a sua inocência e capacidade de se abstrair do Mundo através de brincadeiras, histórias e pequeninas crenças.
"Por que contam coisas às criancinhas?".

É um livro extremamente marcante, comovente e triste. Com uma história que têm tanto de irónica como de comovente, escrita com uma grande simplicidade, capaz de transmitir a dor e as alegrias de um menino especial. Um livro que eu gostei de ler e que pela sua simplicidade e frontalidade me transmitiu a sua mensagem e sentimentos imiscuídos de uma forma subtil e profunda. Com uma mescla de emoções turbulentas e pequenas conquistas e vitórias, vividas pelas personagens, que vêm ao rubro de forma simples e eloquente em cada palavra, eu senti-me como se também participasse na história.
Neste livro o mais importante não é os grandes feitos ou qualquer outro acto considerado por nós, na nossa cegueira e egocentrismo, digno e merecedor de importância, mas sim, as pequenas coisas, que no fundo acabam por ser as mais bonitas e importantes; as pequenas vitórias; a dor e a conquista, do mundo real e da vida real, que acabam por ter uma fantasia mais doce e bonita e um misticismo mais profundo, do que as grandes lendas ou histórias, apenas pelo que são.

bom fim de semana




Será que não ficamos a olhar para a “crise” e descrevemos um “muro preto” ou uma "porta fechada" aos nossos companheiros? Será que não é salutar e oportuno apresentarmos uma “visão” do que poderá e pode, de facto, existir além do muro?

quarta-feira, fevereiro 14, 2007


Não confundas o amor com o delírio da posse, que acarreta os piores sofrimentos. Porque, contrariamente à opinião comum, o amor não faz sofrer. O instinto de propriedade, que é o contrário do amor, esse é que faz sofrer. (...) Eu sei assim reconhecer aquele que ama verdadeiramente: é que ele não pode ser prejudicado. O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca.


(Antoine de Saint-Exupéry, in 'Cidadela')

Pregos na cerca


Havia um menino que tinha um temperamento difícil. O seu pai deu-lhe um saco de pregos e disse-lhe que, a cada vez que perdesse a paciência, pregasse um prego na cerca no quintal da sua casa.


No primeiro dia o menino pregou 37 pregos na cerca. Gradualmente este número foi diminuindo. O menino descobriu que era mais fácil conter o seu temperamento do que pregar pregos na cerca. Finalmente chegou o dia em que o menino deixou de perder a paciência. Então contou ao pai, que sugeriu que agora o menino tirasse um prego da cerca para cada dia em que conseguisse conter o seu temperamento. Os dias foram passando e o menino pode, finalmente, contar ao seu pai que a cerca não tinha pregos... O pai pegou o filho pela mão, levou-o até à cerca e disse:


"Fizeste bem, meu filho, mas olha os buracos na cerca. A cerca nunca mais será a mesma. Quando falas coisas com ódio, elas deixam uma cicatriz como estas. Podes enfiar uma faca num homem e tirá-la. Não importa quantas vezes pedes desculpa, a ferida continuará lá. Uma ferida verbal é tão dolorosa como uma física. Amigos são jóias raras, afinal. Eles fazem-nos sorrir e encorajam-nos a seguir em frente. Eles ouvem-nos, consolam-nos e estão sempre dispostos a abrir-nos o coração.”

Mostra aos teus amigos o quanto te importas.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

saí...

pintura de Graça Martins

Agora que saí do edifício, posso apanhar sol, caminhar livre como se fosse pela primeira vez, e deixar para trás essa luz esverdeada que me pesava no cérebro.


Quedo-me parada a sorver tudo o que me rodeia, a pressa de toda a gente. Observo um casal, ela aproxima-se dele e tapa-lhe a boca com os dedos. Sorriem...


Gosto de sair à rua, quer chova ou faça sol, anseio por ar puro, livre de cheiros humanos, pela claridade da lua, mesmo que acompanhada por uma forte chuvada.


E quando chega ao fim o dia, é nos últimos momentos do sono que me sinto mais viva, saltando de um fragmento do dia para outro. Levo cada instante comigo para a cama, como as crianças levam os livros e os lápis da escola.


E penso...


Tem sido uma longa e atribulada espera. Mas certas coisas têm de levar o seu tempo. Mesmo sabendo isso, sento-me inquieta. É um vazio palpável, uma insatisfação constante. Nestes sete meses, aos poucos, foi adquirindo texturas, cor, cheiros, foi ficando mais acolhedora, quase completa. E houve muito cuidado na escolha, minúcia na busca, cores, tecidos, disposição dos elementos, com minúcia, como se cada pormenor fosse uma das células que compõem um corpo.


Agora encontra-se suspensa a moer no peito... por momentos sinto-me a subir pelos ares, para logo voltar a descer, arrastada.