quinta-feira, maio 24, 2007

sopro


... E, no entanto, achando que, como os gatos, havia de renascer desta velhice.
Voltar, numa sétima vida (e última, depois da travessia que agora lhe mostrava a sua incontornável extensão), voltar a incarnar a potentíssima pantera, a ave de longínquos voos e o passarito tonto, que acabaria por finalmente poder morrer desprotegido, como uma simples rajada de vento que sobre ele viesse enfurecer-se. Ou com um sopro de Deus, que o enterra-se junto à raiz de uma árvore milenar.”
Isabel Calado

rabiscador...



“Sou um eterno rabiscador de livros, escrevinhador de margens, um sublinhador obsessivo; e aprecio isso nos outros. Alguns dos livros de que mais gosto são os que foram manuseados por alguém de lápis na mão, de preferência um leitor que tenha usado o lápis há 50 ou 60 anos. Os comentários às margens têm o encanto das cartas particulares de um desconhecido, ou de um bilhete numa garrafa jogada ao mar.”

Robert Fulford, no Star de Toronto

Razão de viver


O próprio homem é um equilíbrio precário entre o amor e o ódio, a generosidade e o egoísmo, a paz e a agressão. Ele não consegue chegar à perfeição, mas pode ser melhorado; e nada existe na sua história ou na sua natureza que nos obrigue a deixar de acreditar nele. Na verdade o homem pode estar eternamente “encurralado entre a terra e um vislumbre do céu”, mas é a esse vislumbre que ele se vai apegar, como sói acontecer.

Eric Sevareid em Not So Wild a Dream