terça-feira, outubro 31, 2006



*A VERDADEIRA BRAVURA** *A verdadeira bravura não se demonstra nos campos de batalha, não está emenfrentar animais ferozes, ou perigos que ponham a tua vida em risco.A verdadeira bravura está em saíres de casa, para beber com os amigos, nãoavisares a esposa, chegares a casa de madrugada, caindo de bêbado, seresrecebido por ela com uma vassoura na mão, e, ainda, teres peito paraperguntar:*VAIS VARRER, OU VAIS VOAR?*

sexta-feira, outubro 27, 2006

quinta-feira, outubro 26, 2006

casulo








“Um dia, um homem encontrou um casulo e resolveu levá-lo para casa para observar a sua transformação em borboleta. A certa altura, apareceu um pequeno orifício no invólucro e ele sentou-se a observar a borboleta enquanto lutava para forçar o seu pequeno corpo a sair através do buraco.
Até que, aparentemente, parou de fazer qualquer progresso.
Como se tivesse chegado ao limite das suas possibilidades, não podendo ir mais longe. Então, o homem decidiu ajudar a borboleta.
Pegou numa tesoura e cortou o casulo. A borboleta emergiu facilmente.
Mas qualquer coisa estava estranha. A borboleta tinha umas asas raquíticas e um corpo inchado. O homem continuou a observar a borboleta, na expectativa de que, a cada momento, as asas aumentassem, de forma a suportarem o corpo que diminuiria com o tempo.
Nada disto aconteceu e a borboleta e a borboleta viveu o resto dos seus dias a rastejar com as asas atrofiadas. E nunca conseguiu voar. O que o homem fez na sua simpatia e impulsividade, foi não compreender que o casulo que restringe e a luta necessária para a borboleta sair pelo pequeno orifício são a forma de levar fluidos do corpo da borboleta para as asas, de modo a esta poder voar, uma vez libertada do casulo.
Muitas vezes as lutas são exactamente o que precisamos na nossa vida.
Se percorrêssemos toda a nossa vida sem obstáculos, tornar-nos-íamos deficientes. Não seríamos tão fortes. Não conseguiríamos voar.”


Posso participar? Margarida Pedroso de Lima

sexta-feira, outubro 20, 2006

terça-feira, outubro 17, 2006



"A primeira idéia que uma criança precisa ter é a da diferença entre o bem e o mal. E a principal função do educador é cuidar para que ela não confunda o bem com a passividade e o mal com a actividade."


Maria Montessori (1870 - 1952), Pedagoga Italiana
Photo by: Penelope

Esta vida minha, nada mais é do que um dédalo de ruelas estreitas e tortuosas onde o menos precavido estranho se perde... hoje sou uma noite de céu azeviche polvilhado por meia dúzia de longínquas estrelas, sou velho sentado na esplanada com o mar por vizinho, calmo, silencioso... sou cansaço
photo by: Penelope


Era mesmo isto que eu queria dizer


"A nossa vida, como repertório de possibilidades, é magnífica, exuberante, superior a todas as históricamente conhecidas. Mas assim como o seu formato é maior, transbordou todos os caminhos, princípios, normas e ideais legados pela tradição. É mais vida que todas as vidas, e por isso mesmo mais problemática. Não pode orientar-se no pretérito. Tem de inventar o seu próprio destino.
Mas agora é preciso completar o diagnóstico. A vida, que é, antes de tudo, o que podemos ser, vida possível, é também, e por isso mesmo, decidir entre as possibilidades o que em efeito vamos ser. Circunstâncias e decisão são os dois elementos radicais de que se compõe a vida. A circunstância – as possibilidades – é o que da nossa vida nos é dado e imposto. Isso constitui o que chamamos o mundo. A vida não elege o seu mundo, mas viver é encontrar-se, imediatamente, em um mundo determinado e insubstituível: neste de agora. O nosso mundo é a dimensão de fatalidade que integra a nossa vida. Mas esta fatalidade vital não se parece à mecânica. Não somos arremessados para a existência como a bala de um fuzil, cuja trajectória está absolutamente pré-determinada. A fatalidade em que caímos ao cair neste mundo – o mundo é sempre este, este de agora – consiste em todo o contrário. Em vez de impor-nos uma trajetória, impõe-nos várias e, consequentemente, força-nos... a eleger. Surpreendente condição a da nossa vida! Viver é sentir-se fatalmente forçado a exercitar a liberdade, a decidir o que vamos ser neste mundo. Nem mum só instante se deixa descansar a nossa actividade de decisão. Inclusivé quando desesperados nos abandonamos ao que queira vir, decidimos não decidir.
É, pois, falso dizer que na vida «decidem as circunstâncias». Pelo contrário: as circunstâncias são o dilema, sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter."


Ortega y Gasset, in 'A Rebelião das Massas'

faz de conta que é sexta...









cativar








O Pequeno Príncipe

Antoine de Saint-Exupéry


(...) "E foi então que apareceu a raposa:

- Bom dia - disse a raposa.

- Bom dia - respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.

- Eu estou aqui - disse a voz, debaixo da macieira...

- Quem és tu? - perguntou o principezinho.

- Tu és bem bonita.

- Sou uma raposa - disse a raposa.

- Vem brincar comigo - propôs o príncipe
- estou tão triste...

- Eu não posso brincar contigo - disse a raposa.

- Não me cativaram ainda.

- Ah! Desculpa - disse o principezinho.

Após uma reflexão, acrescentou: - O que quer dizer "cativar"?

- Tu não és daqui - disse a raposa.

- Que procuras?

- Procuro amigos - disse.

- Que quer dizer cativar?

- É uma coisa muito esquecida - disse a raposa.

- Significa "criar laços"...

- Criar laços? - Exatamente. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessiddade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo...

Mas a raposa voltou a sua idéia: - A minha vida é monótona. E por isso aborreço-me um pouco. Mas se tu me cativas, a minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música. E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo... A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe: - Por favor, cativa-me! - disse ela.

- Bem quisera - disse o principe - mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.

- A gente só conhece bem as coisas que cativou - disse a raposa. - Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me! - Os homens esqueceram a verdade - disse a raposa. - Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."

Cativar não é manter cativo, cativar é criar laços....cultivar é saber cuidar, cuidar de quem se quer bem...








Carta

Como estás? Adivinho-te triste. Perdido na melancolia das primeiras chuvas, no vento frio repleto de mil folhas amarelas! Vá, meu amigo, não procures o silêncio do quarto dia após dia... após dia, incessantemente. Que a chuva que entristece...também lava a alma, salpica e espicaça a esperança de um amanhã solarengo decorado por um lindo arco-íris. Quando voltas para me fazeres companhia ao pequeno almoço, sisudo, sem grandes palavras. Mas presente?

Através do ouvir!












As pessoas residentes em lares, em centros de reabilitação, num leito de enfermidade ou que enfrentam momentos difíceis, estão acostumadas aos profissionais, técnicos de saúde ou amigos que geralmente estão ocupados com outros afazeres. A ideia presente é que há sempre algo mais importante para fazer. Todos têm a necessidade de encontrar alguém que as ouça. A boa vontade para ouvir poderá ser de grande conforto e constrói uma ponte para o nascimento de relacionamentos sadios. A base deste relacionamento é o amor, no entanto, por mais que amemos haverão falhas e devemos estar preparados para esta realidade. Mesmo quando não há nada para se dizer, podemos sempre ouvir!


Ouvir melhor.

“Ouvir não é apenas escutar passivamente. É uma experiência activa de participação, em que se presta atenção ao que a outra pessoa está a dizer.”



Por isso...


1. Não interrompa a conversação.
2. Não desvie o seu olhar.
3. Valorize os sentimentos dos outros.
4. Não procure competir com a história ou piada da outra pessoa.
5. Não critique.
6. Faça perguntas apropriadas. Anime-o/a continuar.
7. Não discuta.Manifeste que está atento dizendo palavras como: “sim senhor!”, “interessante”...




Quando não há palavras...


As pessoas que se encontram incapacitadas de falar, ainda gozam de um veículo muito expressivo para a comunicação: o olhar. Atraem-nos com os seus olhares aflitos que transmitem inúmeras palavras. Através dos seus débeis movimentos de lábios e mãos, tentam desesperadamente manter-nos ao seu lado. Se nos dispusermos a amá-los, a nossa sensibilidade será desenvolvida, seremos capazes de os ouvir através da “linguagem do silêncio”, para a qual as palavras não são necessárias.

segunda-feira, outubro 09, 2006

é mesmo isso



"A vida é uma mesa posta, com venenos mortais, pratos insossos e outros deliciosos. Alguns conscientemente escolhem veneno, achando que viver é sofrer, e ponto final. Outros comem -- e vivem -- sem sal.
Mas há os que, quando podem, pegam nas delícias da vida e assim se salvam da areia movediça da depressão.
Espero que não aches que o prazer é ruim. Opta pelo positivo. Faz por seres um pouco feliz, entusiasma-te por alguma coisa possível de atingir dentro dos teus condicionalismos, faz um esforço para te libertares do pessimismo.
Pensar sempre negativamente torna-se uma doença, uma osteoporose da alma."
Lya Luft ,"Pensar é Transgredir" (Editorial Presença)

sexta-feira, outubro 06, 2006

dia de chuva



Dia de chuva. Uma tristeza que nos invade, embalada pelo som da chuva e do vento nas árvores do jardim. Interrogamo-nos sobre muitas coisas, sentindo que nada valeu, nem vale, a pena. O sol não brilha e tudo se nos afigura cinzento, nublado. Tentamos reagir, cientes de que não podemos entregar-nos a esse desalento. Mas todas as soluções que nos ocorrem parecem ousadas, difíceis, impraticáveis. Atitudes que nos fariam sair de um marasmo ao qual já nos habituámos. Que nos apontariam um caminho cheio de luz, alegria e felicidade. Ou não? É o medo da novidade, por mais apelativa que ela se mostre. A descoberta que nos atrai e, simultaneamente, nos atemoriza. Afinal, a neura é apenas isso: um dilema.

quarta-feira, outubro 04, 2006