sexta-feira, fevereiro 23, 2007

lindo...


José Mauro de Vasconcelos conta-nos a história de um menino chamado Zézé, com seis anos, pobre, extremamente inteligente, sensível e carente. Não encontrando na família e nas pessoas a ternura e o afecto de que necessita, Zézé entrega o seu amor às pequenas coisas, mas em especial a Xuxuruca ou Minguinho, o seu pé de Laranja Lima, que se torna o seu grande confessor, amigo e companheiro de brincadeiras. Com Minguinho, Zézé protege-se do mundo real com uma barreira feita de brincadeiras, canções e da doce ilusão da inocência.

Numa tentativa de despertar as pessoas que o rodeiam para a sua presença, faz asneiras e prega partidas a tudo e todos, o que tem como consequência as enormes e tradicionais "zurras" de que infelizmente é alvo. Zézé vive uma vida triste e pobre, onde consegue encontrar a sua luz e felicidade através do seu enorme coração e capacidade para amar e perdoar. Mas este Mundo está prestes a mudar. Zézé acaba por descobrir a ternura e carinho de que tanto necessita com o seu amigo "Portuga", que torna a sua existência agradável e feliz. No entanto... a história de Zezé é recheada de ironia... Quando finalmente o seu pai volta a ter um emprego capaz de lhe proporcionar uma vida confortável e estável, perde também os seus dois grandes centros e geradores de ternura e felicidade. Zézé descobre o que é a dor da perda e da saudade, perdendo assim também a sua inocência e capacidade de se abstrair do Mundo através de brincadeiras, histórias e pequeninas crenças.
"Por que contam coisas às criancinhas?".

É um livro extremamente marcante, comovente e triste. Com uma história que têm tanto de irónica como de comovente, escrita com uma grande simplicidade, capaz de transmitir a dor e as alegrias de um menino especial. Um livro que eu gostei de ler e que pela sua simplicidade e frontalidade me transmitiu a sua mensagem e sentimentos imiscuídos de uma forma subtil e profunda. Com uma mescla de emoções turbulentas e pequenas conquistas e vitórias, vividas pelas personagens, que vêm ao rubro de forma simples e eloquente em cada palavra, eu senti-me como se também participasse na história.
Neste livro o mais importante não é os grandes feitos ou qualquer outro acto considerado por nós, na nossa cegueira e egocentrismo, digno e merecedor de importância, mas sim, as pequenas coisas, que no fundo acabam por ser as mais bonitas e importantes; as pequenas vitórias; a dor e a conquista, do mundo real e da vida real, que acabam por ter uma fantasia mais doce e bonita e um misticismo mais profundo, do que as grandes lendas ou histórias, apenas pelo que são.

bom fim de semana




Será que não ficamos a olhar para a “crise” e descrevemos um “muro preto” ou uma "porta fechada" aos nossos companheiros? Será que não é salutar e oportuno apresentarmos uma “visão” do que poderá e pode, de facto, existir além do muro?

quarta-feira, fevereiro 14, 2007


Não confundas o amor com o delírio da posse, que acarreta os piores sofrimentos. Porque, contrariamente à opinião comum, o amor não faz sofrer. O instinto de propriedade, que é o contrário do amor, esse é que faz sofrer. (...) Eu sei assim reconhecer aquele que ama verdadeiramente: é que ele não pode ser prejudicado. O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca.


(Antoine de Saint-Exupéry, in 'Cidadela')

Pregos na cerca


Havia um menino que tinha um temperamento difícil. O seu pai deu-lhe um saco de pregos e disse-lhe que, a cada vez que perdesse a paciência, pregasse um prego na cerca no quintal da sua casa.


No primeiro dia o menino pregou 37 pregos na cerca. Gradualmente este número foi diminuindo. O menino descobriu que era mais fácil conter o seu temperamento do que pregar pregos na cerca. Finalmente chegou o dia em que o menino deixou de perder a paciência. Então contou ao pai, que sugeriu que agora o menino tirasse um prego da cerca para cada dia em que conseguisse conter o seu temperamento. Os dias foram passando e o menino pode, finalmente, contar ao seu pai que a cerca não tinha pregos... O pai pegou o filho pela mão, levou-o até à cerca e disse:


"Fizeste bem, meu filho, mas olha os buracos na cerca. A cerca nunca mais será a mesma. Quando falas coisas com ódio, elas deixam uma cicatriz como estas. Podes enfiar uma faca num homem e tirá-la. Não importa quantas vezes pedes desculpa, a ferida continuará lá. Uma ferida verbal é tão dolorosa como uma física. Amigos são jóias raras, afinal. Eles fazem-nos sorrir e encorajam-nos a seguir em frente. Eles ouvem-nos, consolam-nos e estão sempre dispostos a abrir-nos o coração.”

Mostra aos teus amigos o quanto te importas.