sábado, março 17, 2007



Tu que não sabes da tarde, das coisas mais simples, tu que esqueces-te os olhos na poeira do mundo...


Tu que desaprendes-te a caminhar e agora vives em espiral, com uns sopros estranhos, como folhas que se elevam e giram no ar para depois se espalharem na rua.


Tens uma doçura insuspeita presa nos gestos e no olhar... diariamente costuras o medo do avesso.


E a tua vida é um refazer-se, é buscar o desfeito, costurar-se em alinhavo, emendar os rasgos, encostar as pontas, cozer e juntar...


Às vezes andas para trás e refazes os dias sem a tua trilha, sem as estrelas que puseste nos olhos, num outro tempo que não o tempo que fizeste, tão maior, e aí cabem todos os momentos esquecidos e as memórias do que fostes.

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